RIO - Capitaneados pela indústria do petróleo, pelo menos oito municípios da Região dos Lagos e do Norte Fluminense experimentaram uma explosão demográfica entre 2000 e 2010. Rio das Ostras teve o maior percentual de aumento populacional no estado, pulando de de 36.419 em 1990 para 101.508 habitantes - um crescimento de quase 179%.
O índice supera o crescimento do estado no período (5,48%) e até mesmo da Região Sudeste (7,24%). A busca por mais empregos, melhores salários e qualidade de vida fez com que outras cidades como Casimiro de Abreu (55,3%), Carapebus (51,6%), Maricá (51,4%), Búzios (48,5%), Macaé (46,8%), Quissamã (43,6%) e Saquarema (40,6%) seguissem a mesma linha. Na ponta inversa, 16 municípios tiveram crescimento populacional negativo entre 2000 e 2010.
Cinco deles estão no Noroeste Fluminense: Laje do Muriaé (-5,4%), Cambuci (--0,6%), Natividade (-0,47%), Itaocara (- 0,48%), Italva (-0,67%) e Miracema (-0,28%). Três cidades ficam na Região Serrana: Petrópolis (-3,04%), Cantagalo (-5,9%) e Santa Maria Madalena (-2,1%). Dados como esses constam nos dados preliminares do Censo 2010, do IBGE, apresentados pelos repórteres Isabela Bastos e Luiz Ernesto Magalhães.
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Você já foi recenseado? Conte para a genteO dinamismo econômico das cidades que mais cresceram é destacado pelo secretário executivo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Luiz Alfredo Salomão. Ex-coordenador da Escola de Políticas Públicas e Governo da Universidade Candido Mendes/Iuperj, Salomão argumenta que, historicamente, o governo do estado não elaborou políticas públicas que estimulassem o desenvolvimento regional em áreas como o Noroeste e a Região Serrana.
Rio reflete tendência nacionalO presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, explicou que o estado do Rio reflete um fenômeno confirmado nacionalmente pelo Censo 2010. A tendência de que os grandes centros urbanos (não necessariamente capitais) estabilizem sua população, enquanto alguns municípios médios cresçam, impulsionados por novas atividades econômicas. Os empregos, que contribuem para o aumento da população, porém, geralmente não ocorrem na atividade original, mas na prestação de serviços.
Em Itaguaí, por exemplo, a prefeitura teve que destinar mais recursos para Saúde e Educação. Nos últimos seis anos, foram inauguradas 15 novas escolas e 12 postos de saúde. Em Porto Real (com 16.480 habitantes, crescimento de 36,2% na década) a Fundação Getúlio Vargas foi contratada pela prefeitura para assessorar a criação de um Plano Diretor. Esse tipo de legislação só é obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes. Foram formados ainda consórcios interestaduais (reunindo cidades vizinhas do Rio, Minas Gerais e São Paulo) para dividir custos de manutenção de sistemas de saúde e de destino final de lixo, por exemplo.
A capital registrou crescimento de apenas 1,4% na década. Pelos cálculos do IBGE, a cidade tem hoje pouco mais de 5,9 milhões de habitantes (82.320 a mais que em 2000).
- A redução do crescimento de uma capital pode trazer efeitos positivos. Em lugar de continuar a investir infinitamente em infraestrutura, o poder público pode começar a se dedicar a melhorar a qualidade do que existe - avalia o economista Mauro Osório, estudioso dos ciclos de desenvolvimento do estado.
Números finais serão conhecidos dia 29Os números finais do IBGE só serão conhecidos no próximo dia 29. Até o dia 24, as informações coletadas passarão por revisões para permitir, por exemplo, a inclusão de entrevistas de moradores não localizados pela coleta de dados ou a contestação das informações por autoridades municipais. Onde não for possível localizar os moradores, a população será estimada pela média dos domicílios da área.
Alguns municípios já estão questionando os dados do IBGE, como Nova Iguaçu e Niterói. Pela pesquisa, Nova Iguaçu teria sido campeã na perda de população (-16, 6%) com 153.094 moradores a menos na década. A redução pode estar associada à emancipação de Mesquita, no fim da década de 90. Mesquita só aparece na pesquisa de 2010 com 159.865 habitantes. Uma comissão de servidores está analisando os dados do IBGE. Umas das preocupações da prefeitura é com a possibilidade de perda de receitas, já que o tamanho da população é levada em conta para o repasse de recursos de ICMS e do SUS, além do Fundo de Participação dos Municípios. Em Niterói, a população teria sofrido redução de 4% em dez anos.
- Não é possível que Niterói tenha perdido 18.373 habitantes em dez anos. A verdade é que, se constatarem que Niterói passou dos 500 mil habitantes, a União terá que aumentar os repasses federais para a cidade - criticou o prefeito Jorge Roberto da Silveira.